quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Buda

(A maior estátua de Buda sentado em Hong Kong, China)
Uma das imagens mais conhecidas do mundo é a do simpático gordinho sentado sobre suas pernas cruzadas em pose de meditação, o famoso Buda. Mas o que poucos sabem é que este homem realmente existiu e foi responsável pela criação de uma das primeiras e maiores religiões do mundo, o budismo, que hoje conta com mais de 400 milhões de seguidores em todo o mundo.

Buda, nascido na alta casta indiana há 2.500 anos atrás, na verdade era príncipe do Nepal e se chamava Sidarta Gautama. Certo dia ele teve um despertar sobre o sofrimento que assombrava o mundo e resolveu deixar sua família para buscar a Verdade. Viajou durante 6 anos sozinho até parar em um vilarejo aonde viveu de maneira miserável e mendigante.

Foi em Bodhgaia, meditando embaixo d uma árvore, que Buda concluiu que a natureza humana é o sofrimento causado por desejo, apego e cobiça. Somente se livrando destes hábitos o ser humano seria feliz e livre. Assim ele determinou suas 4 nobres verdades:

1. Na primeira Nobre VerdadeBuda ensina que toda a vida se encontra impregnada de sofrimento;

2. A Segunda Nobre Verdade diz-nos que existe uma causa para esse sofrimento;

3. Na Terceira Nobre Verdade Buda diz-nos que é possível cessar esse sofrimento;

4. A Quarta Nobre Verdade é o caminho que leva à cessação do sofrimento, o caminho para a transcendência do “eu”.

Buda acreditava em oito passos que levariam ao Nirvana (posse da verdade, contemplação suprema, ausência de sofrimento, paz...). Esses passos falavam sobre o respeito com todos os seres vivos (uma vez que Buda acreditava que nossas almas poderiam renascer em qualquer ser vivente, principalmente em animais), compaixão, verdade, não violência, confiança, honestidade, conduta correta, ação ética:

1. Visão perfeita (compreensão)

2. Emoção perfeita (vontade)

3. Discurso perfeito

4. Acção perfeita

5. Meios de subsistência perfeitos

6. Esforço perfeito

7. Atenção perfeita

8. Samadhi perfeito (concentração)

Buda passou 45 anos viajando e pregando seus ideais, durante este tempo chegou a conquistar 1.250 discípulos que o acompanhavam nas viagens que só eram interrompidas nas épocas de monções, quando o líder religioso se refugiava em seu lar próximo a um grande bambuzal dentro de uma caverna em Rajgir.

Segundo os dados históricos recolhidos até o momento, Buda foi o primeiro grande contestador indiano da desigualdade. O Budismo, criado por ele, pode ser considerado um "estilo de vida ateu", pois se apegar a um Deus já era um desejo e, segundo os pensamentos de Buda, desejar era um dos maiores erros humanos.

Acredita-se que Buda já esperava sua morte por volta dos 80 anos de idade quando resolveu retornar a sua terra natal em 486 a.C, mas ele acabou falecendo  no pequeno lugarejo de Kushinagar. Todos os relatos sobre o fato são unânimes ao afirmar que suas últimas palavras foram: “Tudo neste mundo é passageiro. Sigam a luta, diligentemente.” Mas antes de partir, este homem nos deixou centenas de frases filosóficas como:

“Seja seu lampião, busque refúgio dentro de si”.

“Tudo passa”.

“Nenhuma promessa de paraíso, nenhuma ameaça de inferno”.

"A paz vem de dentro. Não a procures à tua volta".


As informações contidas neste post foram retiradas da série História da Índia produzida pela revista Vida Simples em conjunto com a BBC de Londres disponibilizada em 6 capítulos dispersos em 2 dvds apresentados pelo historiador Michael Wood. Caso tenha oportunidade, confira esse material, ou até mesmo, confira outras fontes sobre esse grande líder espiritual e deixe suas contribuições em formato de comentário ao fim deste texto.
Aguardo você, até mais!

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Nelson Mandela, o pacificador

Em dezembro de 2013 o mundo sofreu uma grande perda, era a hora de se despedir de um dos maiores líderes que a humanidade já havia conhecido: Nelson Mandela. Confira abaixo o perfil deste ícone social:

(Caricatura de Nelson Mandela produzida por Amarildo)

Nome de batismo thembu: Rolihlahla (significado: encrenqueiro);
Nome protestante: Madiba (como era chamado em sua comunidade de língua xhosa);
Nome metodista: Nelson (como foi chamado na escola metodista que frequentou);
Nome político: Nelson Rolihlahla Mandela;

Nascimento: 18 de julho de 1918;
Falecimento: 5 de dezembro de 2013;
Graduação: Bacharel em Direito pela Universidade da África do Sul;

Primeiro casamento: 1944 com Evelyn Ntoko Mase, quatro filhos;
Segundo casamento: 1958 com Nomzamo Winifred Mandizekela, duas filhas;
Terceiro casamento: 1998 com Graça Machel;

Esporte: pesando 111kg e medindo 1,89 de altura, acabou se tornando pugilista durante a juventude;

Prisão: 1963 após tentar combater a segregação racial imposta pelos bôeres (descendentes honlandeses) no país da África do Sul. Houve clamor por sua libertação que aconteceu somente 27 anos após sua condenação, o que já foi um avanço, uma vez que havia sido sentenciado a prisão perpétua. Os anos na cadeia lhe revelaram que a guerrilha contra o racismo era inútil e ao decidir negociar com os brancos foi abandonado por grande maioria de seus companheiros partidários do CNA;

Política: em 1994 votou pela primeira vez em sua vida e na mesma ocasião foi eleito o primeiro presidente negro da África do Sul. Quatro anos mais tarde não aceitou nova candidatura, pois considerava necessário a troca de governantes para o sucesso do país. 

Opinião: sua vida foi pautada em projetos de redução das desigualdades relativas aos problemas sociais. Colocava a igualdade acima de tudo, tanto que temia que os negros buscassem vingança no país após vencer as eleições, dizia ser impossível ter uma África do Sul boa, se não fosse boa para brancos e negros. Além da igualdade também se preocupava com o valor de uma boa educação e participou de acordos de paz em outros países, como Burundi.

Frases significativas:

"Acredito que programas de ação afirmativa para os negros devam começar no pré-escolar e no ensino fundamental, e não só em universidades. Mas (...) essas medidas precisam ser acompanhadas por um avanço econômico das comunidades mais carentes".

"Lutei contra a dominação branca, lutei contra a dominação negra. Acalantei o ideal de uma sociedade livre e democrática em que as pessoas vivam juntas em harmonia e com oportunidades iguais".

"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar as pessoas precisam aprender e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar".

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Independência do Haiti

(Cidadela Laferrièra, fortaleza construída durante o governo do primeiro rei haitiano, Henri I)

O território que hoje compreende o Haiti, antigo São Domingos, foi descoberto e colonizado inicialmente pelos espanhóis, mas o país que realmente explorou essas terras foi a França. Por volta do século XVIII as grandes plantations da região produziam 40% de todo o açúcar vendido no mundo, muito mais do que era produzido no Brasil que possuía 300 vezes mais espaço físico.

São Domingos era uma riquíssima colônia, as melhores peças de teatro vinham diretamente da França para o tetro da maior cidade haitiana. Mas esse progresso foi interrompido por uma revolta em 1791 que durou onze anos e foi organizada por negros influentes dentro do sistema escravocrata local. Toda a revolução foi organizada por líderes quilombolas, feitores e cocheiros numa cerimônia de domingo a noite em Bois Caiman.

A noite escolhida para o início da revolta foi a de 21 de agosto, o principal líder do movimento era Dutty Boukman e o objetivo era matar todos os fazendeiros franceses da colônia através de ataques planejados e simultâneos que acabaram sendo muito mais intensos no norte. Percebendo a situação, ingleses e espanhóis tentaram tomar as terras haitianas para si, mas suas tentativas foram frustradas, pois os negros resistiram e onze anos mais tarde conseguiram se proclamar independentes. Foi o primeiro caso de revolta negra a obter sucesso em terras americanas.

Embora pensemos que os líderes do movimento de independência pretendiam libertar todos os negros ,a realidade foi outra. Ao obter vitórias, os líderes revolucionários, antes escravos, se mostravam a favor da escravidão e evidenciavam que pretendiam somente passar o poder das mãos brancas para as negras. A ideia de libertar todos os escravos haitianos surgiu apenas em 1794 durante a Revolução Francesa.

O rei francês chegou a criar leis que amenizavam a situação de todos os escravos da colônia haitiana, mesmo assim os líderes da revolução se uniram ao governo espanhol, que era a favor da escravidão, a fim de conquistar poder para si próprios. Isso explica porquê muitos negros eram monarquistas (a favor do rei), pois eles acreditavam que o rei francês tentava melhorar seu modo de vida, mas era desrespeitado pelos senhores brancos aqui no solo americano.

Esse fato levou milhões de escravos a ficarem do lado do exército espanhol na luta contra os soldados republicanos franceses. O interessante é que existiram líderes do movimento de independência haitiana que realmente eram a favor da escravidão, como Jean Kina que perguntava aos negros que liderava se acaso lembravam-se o quanto eram mais felizes quando eram comandados por um rei. Jean chegou a negar sua carta de alforria por dois anos, pois realmente preferia ser um escravo.

Somente em 1803 o objetivo da liberdade foi alcançado e São Domingos passou a se chamar Haiti, um nome de origem indígena escolhido pelo líder Dessalines. Mas o território foi fragmentado em duas partes e o norte acabou sendo governado por um rei negro, ex-escravo e líder do movimento, Henri I. Henri governou com trajes e pompa dignos de um grande rei europeu, mandou construir palácios e concedeu cargos de nobreza como duque, conde e visconde, além disso torturava e perseguia os negros que insistiam em viver nas suas próprias fazendas de maneira independente, a regra era trabalhar nas grandes fazendas de cana-de-açúcar, café ou algodão da época escravocrata.

Para obter mais informações acerca dos líderes negros que levaram à independência do Haiti, confira o livro Guia Politicamente Incorreto da América Latina de Leandro Narloch e Duda Teixeira.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Símon Bolívar, descolonizador ou ditador?

(Retrato de Símon Bolívar, autoria desconhecida)

Símon Bolívar até hoje é uma das personalidades americanas mais conhecidas mundo a fora. O venezuelano, filho de espanhóis (criollo), foi herdeiro de grandes propriedades agrícolas que resolveu proteger das garras espanholas, para isso iniciou um processo de descolonização no século XIX que durou onze anos e pretendia inicialmente libertar do império espanhol o território de seis países americanos. 

Sua iniciativa era ousada, pois, até então, o único país americano que havia conseguido se libertar de seus colonizadores europeus era os Estados Unidos da América que, ao se tornar independente da Inglaterra, se tornou uma República Democrática. Bolívar ao descolonizar as terras da Venezuela, Colômbia, Equador e Panamá se tornou presidente dessas terras, mas não obteve grande sucesso.

Assim que assumiu o posto de presidente dessas nações recém criadas, Bolívar convocou o Encontro de Panamá com a intenção de transformá-las em uma única nação que seria governada por ele com mãos de ferro, o que não combinava com seu discurso libertador. Felizmente sua vontade não funcionou, pois ao que tudo indica, ele pretendia governar toda a América do Sul de maneira ditatorial.

Em 1813 já demonstrou que queria uma monarquia americana mesmo afirmando ser liberalista e iluminista, pois declarava que a herança da dominação espanhola e a grande mistura de raças presentes nas terras americanas impossibilitavam um governo democrático e republicano. Em seus discursos, Bolívar deixava claro que temia uma pardocracia (governo pardo composto por mulatos, negros livres, índios e mestiços):

"Estou convencido do tutano dos meus ossos que a América
só pode ser governada por um despotismo hábil."
(Símon Bolívar)

Karl Marx relatou cinco fugas covardes de Bolívar durante as batalhas de independência, o respeitável alemão enxergava Símon como um egoísta despótico. Por outro lado, o ditador italiano Benito Mussolini admirava as ideias bolivarianas. Além disso o atual presidente venezuelano, Hugo Chávez, usa a imagem de Bolívar como libertador americano para fortalecer seu governo, negando friamente todo o racismo e preconceito de Símon:

"A única coisa a fazer na América é ir embora."
(Símon Bolívar)

E você? Acredita que Símon Bolívar foi vilão ao querer comandar sozinho as terras americanas ou mocinho por ter libertado-as das mãos dos colonizadores espanhóis? Caso precise de  mais informações pra formar sua opinião acerca desse personagem polêmico consulte o livro Guia Politicamente Incorreto da América Latina escrito por Leandro Narloch e Duda Teixeira.

Formule sua opinião e comente esse post. Até mais!