(O povo das conchas por Urda Alice Klueger - Fonte: Livrarias Catarinense) |
O que você aprendeu sobre a Pré-História catarinense em sua escola?! Infelizmente, na maioria dos casos, a resposta é nada. Os professores da disciplina de história tem o péssimo hábito de enfatizar os acontecimentos europeus praticando o que chamamos de "eurocentrismo", mas essa história eurocentrista é bastante tradicional e antiquada e deve abrir as portas pra novos conceitos. O livro: O povo das conchas da catarinense Urda Alice Klueger trás algumas novidades pros bancos escolares brasileiros, abaixo seguem algumas informações retiradas da obra.
Os sambaquis são amontoados de conchas e outros objetos que alcançam até 30 metros de altura e quilômetros de comprimento. Podem ser encontrados no mundo inteiro e atualmente estão cobertos pela vegetação rica graças a composição de sua terra. No litoral americano aparecem desde o estado do Espirito Santo até o Uruguai, mas é no estado de Santa Catarina que podemos observar a maior concentração, embora muitos deles tenham sido destruídos para a extração de cal.
Foram construídos entre 6.000 e 2.000 anos atrás demorando décadas pra serem finalizados. Provavelmente serviam como depósito de lixo e outros objetos. Os estudos dos fósseis indicam que os sambaquianos talvez tivessem moradia fixa, próximo a esses montes, quase não caçavam e coletavam porque praticavam a pesca em grande quantidade, existem provas de que conseguiam pescar animais grandes, incluindo baleias, talvez usassem redes e canoas para isso.
Geralmente os sambaquis eram erguidos perto de mangues e rios que ofereciam comida em abundância. Os sambaquianos eram de nossa espécie, Homo sapiens sapiens, vieram de outras partes do continente americano e viviam entre 30 e 35 anos de idade. Deviam sofrer com dor de dente porque seus alimentos continham muita areia de praia, por outro lado os esqueletos não apresentam cáries uma vez que não tinham o habito de consumir carboidrato. Estudos indicam que talvez subissem nos sambaquis para avistar o horizonte, também mostram que não costumavam se envolver em batalhas com outros povos.
O cuidado durante os funerais é notável e varia de uma região para a outra, mas na maioria das vezes as pessoas eram enterradas na posição fletida, ou seja, com os braços cruzados sobre o peito e as pernas dobradas alcançando a cabeça, deviam ser amarrados para permanecer nessa posição. Infelizmente não se sabe aonde esses povos foram parar porque nenhum exame de DNA conseguiu encontrar seus descendentes.
Os homens dos sambaquis deixaram rastros nas praias por onde passaram. Algumas delas apresentam sítios de acampamento onde eles ficavam um certo tempo, provavelmente em busca de safras de algumas espécies de peixes. Outras apresentam oficinas líticas, pedras que serviam de polidores e amoladores para fabricar alguns instrumentos e esculturas. Muitas também têm desenhos rupestres com formas geométricas esculpidos nas rochas próximas ao mar.
Existiram sambaquianos aqui em nossa região e seus objetos e esqueletos foram encontrados em Porto Belo, Balneário Camboriú e Florianópolis e podem ser vistos em museus da localidade. A cidade de Brusque tem um ótimo acervo desse povo no Museu Arquidiocesano Dom Joaquim no bairro de Azambuja. A imagem que segue foi obtida lá, observe e caso se interesse pelo assunto aproveite pra conhecer toda a coleção no local. Bom passeio!
(Instrumentos sambaquianos de Porto Belo em exposição no museu Arquidiocesano Dom Joaquim) |
Assista a vídeo-aula que segue para obter mais informações sobre os homens do Sambaqui e já aproveite para conhecer outro importante grupo pré-histórico de Santa Catarina, os Kaingangs:
(Homens do Sambaqui por Maryana Chaves Mentz - 6º ano III/2018) |
(Tribo Kaingang por Emily Marcelino Nunes - 6º ano III/2018) |
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