O século
XV trouxe grandes mudanças ao povo europeu. As inovações tecnológicas alteraram
o cotidiano. Dentre elas as técnicas de navegação estavam prestes a mudar a
história do mundo. Os portugueses foram os primeiros a se lançar ao mar
deixando a Europa pra trás durante viagens longas para abastecer os navios com
produtos orientais. A primeira parada acabou ocorrendo na costa africana,
acontecimento que mudou completamente a forma de viver de europeus, africanos
e, mais tarde, dos americanos.
O
primeiro contato entre brancos e negros aconteceu de diversas maneiras. Em
algumas regiões como o Congo, os homens de pele branca foram recebidos
honrosamente, isso porque ao avistá-los os africanos imaginaram que fossem
espíritos de seus antepassados vindos das águas. Em outros locais como em
Angola, por exemplo, a dominação portuguesa aconteceu através de um grande
derramamento de sangue. Por vezes os líderes locais acabaram se aliando aos
recém-chegados visando algumas vantagens.
Seguindo
os portugueses vieram espanhóis, holandeses, franceses, entre outros povos da
Europa. Todos em busca de minérios e escravos. Muitos povos africanos reagiram
corajosamente enfrentando diversas batalhas e fazendo alianças perigosas em
busca de seus direitos. Entretanto suas vitórias eram passageiras devido a sua
inferioridade bélica. Aos poucos o continente africano foi sendo fragmentado. Em
1878 grande parte das terras foi entregue ao comando dos países europeus. Essa
decisão foi tomada sem a participação de qualquer líder negro durante o Tratado
de Berlim entre 15 de novembro e 26 de fevereiro.
Com o
advento da Primeira Guerra Mundial os europeus enfraqueceram seu controle sobre
os africanos que viram nesse momento uma chance de se livrar das garras
coloniais. Como palco de batalhas as terras africanas perderam muitos filhos,
mas receberam algumas melhorias tecnológicas e também o olhar da opinião
pública. O nacionalismo africano ganhava força. Alguns anos depois a Segunda
Guerra Mundial eclodiu. Os africanos ficaram do lado dos vencedores (os Aliados)
e foram protegidos pela política dos Estados Unidos da América que era
completamente contra o sistema de colonização.
A partir
de 1940 todos os países africanos estavam em busca de sua independência, cada
qual a sua maneira: lutas lógicas tradicionais, lutas religiosas, lutas armadas
e lutas não violentas. Em 1975 praticamente todas as nações já haviam
conquistado sua autonomia. Após a independência cada país ainda teve de
enfrentar lutas internas entre etnias rivais que haviam ficado no mesmo
território. Para piorar a situação os governos se preocupavam em montar
exércitos poderosos e deixavam de lado a construção de indústrias que sustentariam
a população. A miséria se espalhou e com ela vieram a fome e as doenças, das
quais a mais chocante foi a AIDS.
O Brasil
assiste diariamente todas essas dificuldades enfrentadas pela sociedade africana.
A indignação é instantânea, mas ao mesmo tempo passageira. A maioria dos
brasileiros se indigna ao ver a calamidade da África, mas esquece de cuidar dos
descendentes africanos que estão em nosso país. A massa negra que vive entre nós é fruto de séculos
de escravidão, segregação e racismo. É inadmissível negar a contribuição dos
afro-descendentes na constituição nacional, mas então porque é que eles são mantidos
as margens da sociedade? As pesquisas comprovam o quanto a população negra
brasileira sofre mais do que a branca:
A tabela
demonstra o quanto as pessoas negras convivem com piores condições de moradia
quando comparadas as brancas aqui no Brasil. Se a habitação é tão inferior,
imagine então como são as oportunidades de educação e emprego. Não há como
negar que nossos negros ainda sofrem o estigma da cor, a herança preconceituosa
dos grilhões da escravidão. O racismo está á solta e dificulta melhores
condições de vida. Igualar negros e brancos ainda é um desafio em tanto num
país como o nosso aonde é comum escutar frases medíocres como “serviço de
branco” ou “negro quando não faz na entrada, faz na saída”.
A
solução é tentarmos fazer ao menos a nossa parte contra essa insensatez. Nós educadores
possuímos um local especial para lutar por igualdade. Na sala de aula devemos,
até mesmo enquanto cidadãos conscientes, trabalhar a temática africana a fim de
valorizá-la ao máximo superando até mesmo a lei de obrigatoriedade do ensino de
história e cultura africana e afro-brasileira. Também devemos lutar pela aprovação
de cotas raciais em universidades e concursos públicos. Essas são pequenas
iniciativas que podem mudar esse quadro desolador de desigualdade racial.
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