Com toda certeza você aprendeu na escola que durante os anos de 1894 e 1930 a política brasileira foi dominada por dois poderosos estados brasileiros, São Paulo e Minas Gerais. Esse período era conhecido como Política das Oligarquias, mas também foi apelidado de República do Café com Leite já que a maioria dos presidentes eram cafeicultores de SP ou criadores de gado de MG, graças a um acordo político estabelecido entre eles.
O fato é que em 1930, segundo o acordo entre os dois estados, o presidente eleito deveria ser o apoiado por Minas, entretanto isso não aconteceu porque o estado de São Paulo fraudou as eleições oferecendo o mais importante cargo político brasileiro para Júlio Prestes. O candidato derrotado ilegalmente, Getúlio Vargas, se uniu aos militares brasileiros organizando a Revolução de 1930 que partiria de seu estado, Rio Grande do Sul, até a capital do país, o Rio de Janeiro, aonde pretendia ocupar o cargo a qualquer custo.
O que provavelmente não lhe ensinaram nos bancos escolares é que, durante sua jornada rumo ao poder, Vargas invadiu diversas cidades usando muita violência e obrigando milhares de jovens a se unirem a seu grupo armado em direção ao Rio. Outro detalhe que com certeza não lhe repassaram é que três grupos getulistas passaram por Santa Catarina espalhando o terror em cidadezinhas pequenas que sequer entendiam muito ao certo tudo o que estava acontecendo no cenário político brasileiro, tão pouco haviam tomado alguma posição favorável ou contrária á Revolução.
Tijucas, que abrigava famílias importantes para o cenário político, foi rapidamente dominada tendo seus prefeito e delegado substituídos por gente de confiança de Vargas enquanto a população fugia durante a calada da noite com medo do que poderia lhes acontecer. Em São João Batista os revolucionários cativaram dois irmãos que ingressaram em suas tropas e revelaram orgulho por ter participado desse importante movimento brasileiro, eram eles Hercílio João Fraga e Gerson Fraga. No entanto, em nosso Vale do Rio Tijucas, a cidade que se destacou nesse período foi Nova Trento.
Você deve imaginar que os trentinos tenham se destacado pela valentia ao se juntarem ou combaterem as tropas de Getúlio, certo? Errado. Os colonos da pequena cidade trentina se destacaram por sua engenhosidade. Quando souberam da aproximação dos revoltosos decidiram fugir para trás do morro Bezenelo e, como havia chovido muito nos últimos dias, tiveram a ideia genial de subir o local de costas. Dessa maneira, quando as tropas de Vargas viram o morro, logo imaginaram que as pessoas haviam descido o local e estavam no centro de Nova Trento.
Esse exemplo de estratégia de guerra é facilmente compreensível levando-se em consideração que a maioria dos colonizadores trentinos já haviam vindo para Santa Catarina para se refugiarem da terrível situação que assombrava a Itália, tudo o que desejavam era a paz e a obtiveram de maneira muito sábia. Isso é somente um pouco do contexto de nossas pequenas cidades catarinenses durante o grande momento histórico do fim da República das Oligarquias e consequente ascensão de Getúlio através da Revolução de 1930.
Caso você tenha se interessado pelo assunto, sugiro que busque mais informações no sensacional livro intitulado Histórias da Vida Real. Uma obra de muita sabedoria popular produzida por uma personalidade incrível de nosso estado catarinense, o Dr. Wilian Duarte da Silva. Leia a obra e poste seus comentários para debatermos mais sobre essa importante obra a cerca de nossa história regional.
Até mais!
2 comentários:
Gostei muito de saber sobre este assunto que desconhecia até então! Parabéns!
Um lado da história que não tinha me dado conta. Muito esclarecedor. Parabéns pela forma didática de transmitir conhecimento.
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