(Vista parcial do bairro de Colônia - São João Batista (SC) em Brasil - Fonte desconhecida) |
Os moradores da pequena cidade de
São João Batista (SC) estão acostumados a ouvir comentários não muito elegantes
sobre o bairro que atualmente se chama Colônia. Entretanto, as pessoas que
costumam chamar essa localidade de “interiorzinho” e até mesmo de “fim de
mundo” estão um pouquinho mal informadas.
Primeiramente, não se deve julgar
qualquer local que seja, afinal quem somos nós para fazer isso?! Mas, em
segundo lugar, é necessário conhecer algo para depois expressar sua opinião
sobre tal. E, a meu ver, quem menospreza esse bairro provavelmente nunca
investigou sua trajetória, tão pouco deve saber que lá se formou a primeira
vila catarinense de colonização italiana.
Os primeiros italianos trazidos
para Santa Catarina chegaram aqui em 1836 vindos da cidade de Gênova com o
auxílio de Carlo Demaria. Eles estavam em busca de uma vida melhor, uma vez que
a situação italiana era muito difícil devido a luta pela unificação do país. Na
época, as terras de Colônia se chamavam Nova Itália e ofereciam terras férteis
regadas pelo rio Tijucas.
Eram cerca de 180 italianos
originários da ilha de Sardenha ou da região de Ligúria que carregavam os
sobrenomes: Pesco, Riolfo, Alerto, Caviglia, Montardo, Sardo, Gambelli,
Buzano, Mattia, Pislori, Benotti,
Grosso, Rilla Zunino, Formento, Ratto, Cognacco, Gnecos, Demoro, Nocette e
Pison. As terras eram dividas conforme o número de integrantes de cada família que
ganhariam sua posse definitiva após trabalharem dez anos na propriedade.
A vida dos recém-chegados não era
nada fácil. Era preciso cultivar algodão para confeccionar suas roupas, cultivar
mamona para usar o óleo no acendimento dos lampiões, fabricar canoas para
realizar os casórios e produzir dentaduras para aplicar sobre os dentes
quebrados que não podiam ser extraídos. Mas, entre todas as dificuldades
enfrentadas, a mais cruel era o ataque dos bugres:
Mal a colônia se iniciava, já em 1837, foi atacada pelos bugres, senhores daquelas terras. Os sacrificados pela fúria dos bugres foram Luigi Ratto, Giovanni Benotti, Giovanni Rilla e Bernardo Gambelli mais a mulher e um filho. [...] Como se não bastasse, em 1838, a colônia sofreu uma grande enchente no período de 9 a 11 de março que prejudicou muito a lavoura. [...] Em 1839, houve novo ataque dos bugres, desta feita matando 3 homens e 5 mulheres, deixando mutiladas 3 crianças [...]”. (MAURICI, 2008)
Em meio a essa vida árdua, os
primeiros colonos foram construindo esse pequeno bairro enquanto sobreviviam da
agricultura, do corte de madeira nativa e da produção de engenhos de açúcar e
de farinha de trigo. Foi exatamente nesse lugarzinho simplório que o primeiro
calçado batistense foi confeccionado pelo Sr. Manoel Lourenço Peixer.
Será que algum dia o Sr. Manoel se
deu conta de seu pioneirismo? A sua iniciativa de transformar um tamanco em
sapato de couro após ver um desses em Florianópolis pode ter sido algo sutil
para ele. Mas, atualmente, é exatamente da produção desse objeto que sobrevive
grande maioria dos moradores de São João Batista, o calçado.
Graças a outro homem simples, mas
de muita responsabilidade, a pequena localidade de Colônia cresceu cada vez
mais. Lucas Boiteux foi o segundo administrador da localidade e foi ele quem
providenciou um grupo policial para conter os bugres, várias estradas para
facilitar o comércio, a construção de uma pequena escola para os meninos, entre
outras decisões que fizeram a colônia prosperar consideravelmente.
Esse é apenas um
pequeno resumo da trajetória deste pequeno grande bairro, mas, se você ficou
ainda mais curioso e deseja obter mais detalhes, leia a obra intitulada São
João Baptista do Alto Tijucas Grande de autoria da escritora batistense Darci
de Brito Maurici. Espero que leia o livro por completo e registre sua opinião
aqui nos comentários do blog.
Até mais!
6 comentários:
adorei conhecer um pouquinho da historia de nossa cidade principalmente do bairro colonia parabens pelo blog
adorei saber um pouco mais da origem da familia cognacco.
Muito bom ! Pesquisando sobre o sobrenome formento e encontrei este relato. Adorei
Muito bom conhecer a trajetória dos nossos descendentes!!
Muito importante saber um pouco da história desses imigrantes, olha o sacrifício dessa gente, enfrenta tantas coisas ruins, pra chegar até estas terras já foi difícil, mais enchentes, Bugres,doenças , verdadeiros heróis...
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