A crise do paradigma dominante proporcionou um grande avanço em todas as ciências, no caso da História não poderia ser diferente; a partir desta crise se estabelece uma reforma no campo historiográfico.
Primeiramente devemos frisar que paradigma se refere ao objeto e sua forma de estudo por uma dada comunidade cientifica. No caso histórico o paradigma predominante até meados das décadas de 60 e 70 era o Rankeneano, caracterizado pela neutralidade do historiador e exaltação dos grandes feitos e personagens políticos assim como o uso de fontes somente governamentais. É lógico que esta história era extremamente restrita e não é difício perceber que sua ampliação era uma necessidade emergente.
Surge na França uma contraproposta histórica na década de 80, a chamada Nova História Cultural. Essa NHC fica assim conhecida após a publicação em 1989 de um livro com este mesmo título, Nova História Cultural do escritor estadunidense Lynn Hunt que será responsável pela popularização deste termo e sua sigla correspondente. No Brasil essas idéias chegam na década de 90. Assim o conhecimento histórico será reelaborado a partir desta crise do paradigma dominante. Este é um momento muito importante porque ocorrerá uma série de mudanças no fazer história.
Os impactos de uma mudança justamente nas bases de estudo são grandes. Primeiramente se enfrenta as críticas e depois de conseguir freiá-las e se estabilizar é o momento de implementar mudanças radicais. A NHC modifica todo o processo de ensino de história pois agora fala-se em histórias. Passa a existir uma série de desdobramentos da disciplina, uma série de olhares, de sujeitos e de objetos. Surge uma multifacetação da história, ramos específicos para assuntos distintos dentro da boa e velha historiografia. Novas fontes de estudo são apresentadas como:
- A Micro-História: que reduz a escala de observação para entender o espaço do sujeito dentro de estruturas amplas, rompendo com generalizações e acentuando o indíviduo em sí. É interdisciplinar e parte das idéias marxistas. Descreve o comportamento humano diante dos sistemas reguladores;
- A História Vista de Baixo: tráz a massa como sujeito da História e não como mero espectador. Mostra as participações populares em grandes feitos, quebrando com a concepção de heróis responsáveis por seus feitos de forma solitária, desta forma o povo passa a ter uma identidade e se fortalece;
- A História Oral: possui um limite etário, mas é importante porque o próprio sujeito do contexto pode narrar o que aconteceu, imprimindo mais realidade nesta narrativa assim como suas emoções que tornam o fato mais complexo e real.
Estas são as principais revoluções trazidas para o campo da História que modificaram a forma de ver e transmitir os fatos. Atualmente o educador pode trabalhar com diversas visões sobre um mesmo acontecimento, isto amplia o conhecimento do aluno e lhe proporciona mais dados para raciocinar sobre até que ponto o que ele sabia era verdade ou estava sendo manipulado por algumas vozes. É importante salientar que a Nova História não pretende substituir o paradigma dominante, mas sim ampliar as verdades históricas a partir de reconsiderações e novos olhares sobre o já estudado.
Tanto a Teoria da História quanto a Historiografia são momentos que revolucionaram a visão do historiador em construção e culminaram na disciplina de História como a conhecemos atualmente. Cada uma delas trouxe constribuições diversas por serem geradas em tempos distintos e nos permitem conhecer os nomes que pensaram e colaboraram para a inserção e aceitação da História no campo científico. Desta forma considero muito importante que elas façam parte de nossa grade curricular, pois considero fundamental conhecermos as raízes do que estamos estudando e que mais futuramente estaremos ensinando. É crucial conhecer profundamente tudo o que se deseja fazer bem, na minha opinião.