Juntas, a Revolução Francesa e a Industrial, ambas ocorridas na transição do século XVIII para o XIX, foram responsáveis pela transformação radical do meio social europeu, considerado até então modelo sócio-econômico de desenvolvimento nacional. Desta forma, os reflexos das duas revoluções em questão, vão aos poucos se espalhando pelo mundo, contornando o globo, modificando todo o cenário mundial, moldando assim, o modelo capitalista vivenciado por nossa sociedade nos dias de hoje que caracteriza o mundo contemporâneo. Vejamos com mais detalhes como isso ocorreu:
No dia 05 de maio de 1789 eclodiu em Paris a insatisfação do terceiro estado com a monarquia vigente, através deste golpe proferido por trabalhadores e burguesia, esta última classe pode ascender nas cadeiras administrativas, até então restritas aos membros reais das famílias de sangue azul. Este movimento conhecido como Revolução Francesa trouxe à tona o princípio de Igualdade, Liberdade e Fraternidade demonstrando ao mundo que os homens são absolutamente iguais em direito e deveres, o que hoje nos parece tão corriqueiramente óbvio resultou de uma longa jornada de bravos homens em busca do mínimo de reconhecimento se opondo ao autoritarismo das grandes coroas européias, estabelecendo, desta forma, as bases do Direito atual, espalhando no continente uma onda de pavor entre a nobreza e um sopro de esperança entre as sociedades de todo o mundo.
Também em fins do XVIII eclode um outro movimento, desta vez na Inglaterra, uma potência com capital disponível, posição geográfica favorável e disponibilidade de energias de combustão, a popular Revolução Industrial que quebrou definitivamente com o modelo produtivo manufatureiro e instaurou a possibilidade da produção em massa. Este processo deslocou milhares de homens do campo, vítimas da perda de emprego para as máquinas, para os grandes centros industriais, onde boa parte deles acabou formando as legiões de desempregados, pedintes, prostitutas, catadores de lixo, entre outras situações degradantes em meio a poluição ambiental que crescia com força máxima aos arredores das pequenas e médias indústrias à vapor assim como proliferavam feito pragas os cortiços e instalações miseráveis dos trabalhadores amplamente explorados, mal pagos e maltratados. Em contraponto as cidades eram estrategicamente elaboradas visando seduzir os olhos do público comprador e abrigar luxuosamente os ricos membros desta sociedade, os emergentes industriais britânicos. Foi desta forma que as bases do capitalismo moderno se constituíram, baseadas na corrente do "laissez-faire, laissez-passer": deixai fazer, deixai passar, a crença de que a livre concorrência do mercado levaria a baixa dos produtos e um conseqüente aumento na qualidade de vida, mas não foi o que aconteceu, muito pelo contrário. Pela primeira vez na história o ser humano não dependia do sucesso da colheita pra se alimentar, mas sim do uso estratégico do parco salário mensal, também pela primeira vez a natureza foi amplamente modificada, não só pelas derrubadas de matas para futuras construções, mas também pela presença da poluição do ar, visual e sonora, pela primeira vez pode ser utilizado o conceito de pobreza em seu sentido epistemológico, pela primeira vez avistamos o contraditório e ganancioso mundo contemporâneo que hoje, infelizmente, não causa mais espanto à ninguém, e do qual, ridiculamente, não há previsão para saída.
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