(Fonte desconhecida) |
O cavaleiro francês, D. Afonso Henrique, recebeu o condado portucalense para protegê-lo das invasões mouras, assim, durante a Guerra da Reconquista, recuperou parte da península ibérica do domínio muçulmano. Seu primo, D. Raimundo, fracassado nessa missão, ficou com as terras mais ao norte que hoje compõe a Espanha. Pressionado ao norte por seu primo e ao sul pela expansão muçulmana, D. Henrique não encontrou outra saída a não ser unir seu povo em torno de um governo centralizado e forte, dessa forma foi criada a primeira monarquia da história. Da criação do reino até o inicio da expansão marítima o povo português passou por situações bem interessantes, como:
Os feudos empobrecidos assistiam a fuga dos servos para a cidade. As terras não rendiam o suficiente e os castigos físicos nos pelourinhos eram humilhantes, enquanto isso as vilas ofereciam novas oportunidades no comercio das especiarias.
A baixa nobreza que perdia seus servidores para os centros urbanos, sobre tudo para a defesa do país e a crescente indústria pesqueira não conseguia mais arcar com seus impostos e passava a viver sobre a custódia do rei aumentando as despesas governamentais.
A coroa criou leis para evitar a fuga dos serviçais, mas ao mesmo tempo fazia vistas grossas ao fato porque necessitava desse contingente de mão de obra para preencher as vagas nos estaleiros e navios.
As crianças eram vistas como animais de estimação até os sete anos, não existia a concepção de infância, e poucas sobreviviam a esta idade. Afim de se livrar dessa boca para alimentar muitos pais humildes mandavam seus filhos à trabalho para as embarcações.
A população pobre vivia na parte baixa da cidade em meio a todo tipo de sujeira que escorria pelas ladeiras. Todo e qualquer tipo de lixo era jogado pelas janelas por isso era comum o uso de capas com capuz, só assim se evitava ser atingido por algum excremento de pinico.
O banho era visto como uma ameaça ao corpo por infiltra-se no organismo, logo não era um hábito cotidiano. No inicio era visto como pecado por ocorrer de forma comunitária em grandes tinas, mais tarde nas casas de banho (banheiros) cada membro da família tomava seu banho sozinho, embora todos usassem a mesma água.
A higiene intima era precária. A vergonha de expor as roupas nos varais levava muitas senhoras a usarem as vestes por meses sem lavá-las. Algumas pessoas não lavavam pelo simples fato de ter uma única peça para vestir.
As necessidades fisiológicas eram feitas nos cantos das casas, em pinicos ou em salas próprias para isso compostas por uma tabua com perfurações onde as pessoas sentavam-se uma ao lado das outras e conversavam durante o processo. A tabua ligava os excrementos a uma vala ou ao próprio quintal da residência.
A alimentação da população pobre se baseava em pães repletos de barro, pois não havia o habito de joeirar o trigo antes de moer o grão. E a higiene bucal após as refeições era feita com enxágüe d’água ou de xixi, no caso dos mais exigentes.
O consumo de carne bovina, ovina e suína era uma raridade, já as aves eram cultivadas em pequenas propriedades, mas só alcançavam as mesas da nobreza em ocasiões muito especiais. Os pobres, por sua vez, podiam caçar nos bosques senhoriais caso desejassem tentar a sorte em busca de carne para alimentar sua família, mas a taxa a ser paga era muito alta.
Em publico as moças solteiras podiam mostrar parte do cabelo e do colo, as casadas já deviam ter um maior recato, enquanto que as viúvas deveriam se cobrir dos pés a cabeça semelhante a uma freira. Dentro de casa todas elas vestiam somente uma saia e um blusão para evitar o desconforto dos espartilhos e anáguas.
As mulheres mais pobres usavam roupas mais simples, com tecidos grosseiros e ausência de jóias. As prostitutas e marginalizadas vestiam-se de modo a esconder sua vergonha através de um véu que cobria seu rosto. Homens casados utilizavam uma capa para mostrar seu estado civil que o impedia de ser alistado pelo exército.
Somente homens nobres podiam usar do privilégio de cavalgar em meio à cidade. As damas mais abastadas geralmente eram carregadas em liteiras. Os que podiam pagar pelo serviço desfrutavam da proteção de um guarda sol carregado sobre si durante os passeios.
Hospitais e igrejas eram muito comuns, mas nem tanto quanto os prostíbulos. O medo de contrair doenças afastava alguns clientes, mas recusar o convite de um nobre para estar com prostitutas era uma verdadeira ofensa. Os marujos recém chegados de longas viagens eram sem dúvida os mais interessados nesse serviço.
Vender o corpo era a maneira mais comum das mulheres pobres conseguirem uma renda. A mulher portuguesa era visto como ideal de beleza na Europa. Os maridos quando viajavam deixavam suas esposas sobre os olhares de um religioso para evitar o adultério, hábito comum numa sociedade onde os homens passavam meses em alto mar.
Se a mulher mostrasse a face para um homem era sinal de paquera, tanto, que certa vez uma dama teve a cabeça pregada ao assoalho por seu marido por ter acenado a um transeunte que passava em frente a sua janela.
Nobres não eram condenados por estupro, nem adultério, além disso seu título facilitava o acesso aos conventos onde moças que estavam confinadas por desejo de sua família aguardavam ansiosamente a oportunidade de conhecer os prazeres da carne.
Esses eram alguns dos hábitos portugueses durante a idade medieval, costumes que seriam alterados drasticamente com o advento das grandes navegações. Os lusitanos se lançam ao mar no século XV e provocam uma verdadeira revolução no cotidiano social. Com as novidades alcançadas, sobretudo na Índia e no Brasil os portugueses vêem seu dia a dia mudar drasticamente. Mais detalhes deste período podem ser obtidos no livro que serviu de base para este texto: Por mares nunca dantes navegados de Fábio Pestana Ramos.
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