(Alferes Tiradentes, óleo sobre tela de Washington Rodrigues) |
Joaquim José da Silva Xavier nascido em 1746 na região de Minas Gerais era filho de Antônia da Encarnação Xavier (brasileira) e Domingos da Silva Santos (proprietário rural português). Aos 9 anos de idade perdeu sua mãe e ainda aos 15 anos se tornou órfão de pai ficando sobre a tutela de seu tio até os 25 anos quando alcançaria a maioridade. Como não pode freqüentar o curso regular foi alfabetizado por seu irmão mais velho. Exerceu diversas profissões, chegando a praticar trabalhos como médico e farmacêutico sem ter qualquer formação nessas área. Seus hábitos de dentista lhe renderam o apelido de Tiradentes.
Em 1772 se tornou mascate entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais, mas perdeu sua licença quando defendeu um escravo. Três ano depois ingressou para a 6ª Companhia de Dragões do Regimento de Cavalaria Regular da Capitania de Minas Gerais onde conheceu as idéias iluministas se identificando com as de Thomas Jeferson. Possuiu sítios, gados, sesmarias e escravos chegando a explorar 43 minas de ouro em 1781. Esses bens foram passados a terceiros para evitar o confisco quando foi preso por tramar contra Portugal durante a Inconfidência Mineira, assim que foi denunciado fugiu para a capital brasileira, mas foi encontrado.
Sua aparência é pouco conhecida porque não chegou a pintar nenhum retrato seu, sabe-se que era alto, magro, de olhar espantado, alguns cabelos brancos e caprichoso com suas roupas. Morreu solteiro sem deixar filhos registrados, no entanto existe a suspeita de que durante um relacionamento curto com Antônia Maria tenha surgido a pequena Joaquina, esta não seria a única filha dele, alguns historiadores defendem o fato dele ter se envolvido com a irmã mais velha de Antônia gerando João de Almeida Beltrão, mas este foi registrado pelo marido da mulher amenizando os comentários.
Acredita-se que ele mesmo prenderia o governador de Minas Gerais durante a revolta planejada, mas não teve tempo pra isso. Foi condenado a pena de morte pela coroa portuguesa sendo enforcado em 21 de abril de 1792 acusado de tentar separar a capitania mineira do território lusitano.
Durante a construção da Republica brasileira Tiradentes foi transformado num herói nacional. Ele representava o desejo de independência brasileira vindo do povo, dos nascidos na terra. Sua imagem ganhou os mesmos contornos de Jesus para sensibilizar a população e engrandecer o mito. Ele se tornou a personificação da sociedade brasileira, forte e determinada. O primeiro feriado nacional decretado foi o de 21 de abril, dia de execução de Tiradentes. Uma de suas imagens mais conhecidas é a que segue, observe o traçado de nosso país aparecendo na imagem:
(Tiradentes esquartejado, pintura de 1893, de autoria de Pedro Américo) |
Leia a Sentença de Tiradentes:
(…) condenam o réu Joaquim José da Silva Xavier, por alcunha o Tiradentes, (…) a que (…) seja conduzido pelas ruas públicas ao lugar da forca, e nela morra morte natural para sempre, e que depois de morto lhe seja cortada a cabeça e levada à Vila Rica, aonde no lugar mais público será dividido em quatro quartos e pregados em postes pelo caminho de Minas (…) aonde o réu teve as suas infames práticas (…) até que o tempo também os consuma. Declaram ao réu infame, e infame seus filhos e netos (…), e seus bens (…) e a casa em que vivia em Vila Rica será arrasada e salgada, e que nunca mais no chão se edifique, e não sendo próprias, serão avaliadas e pagas ao seu dono pelos bens confiscados, e no mesmo chão se lavantará um padrão pelo qual se coserve em memória a infâmia deste abominável réu.
(Fonte: Autos da devassa da Inconfidência Mineira, reproduzido por Silvia H, Lara. Tiradentes e a nação esquartejada. In: Pátria amada esquartejada. São Paulo: DPH/SMC, 1992. p. 19.)
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