A escravidão faz parte da história da humanidade, mas sem dúvida alguma sua versão mais intensa e cruel foi protagonizada no continente americano durante o contexto de exploração colonial.
Nosso país, devido sua extensão e riqueza natural, recebeu massas imensas de cativos africanos forçados a trabalhar exaustivamente nestas terras afim de enriquecer o outro lado do oceano, a Europa.
Durante décadas nossa historiografia representou essa permanência negra no Brasil como extremamente pacifica, onde essa multidão de homens, mulheres, crianças e idosos eram vistos como meros objetos de propriedade sujeitos a toda e qualquer imposição dos senhores brancos sem expressar qualquer forma de resistência ou indignação. Felizmente esta versão errônea foi superada, e atualmente já possuímos conhecimento das mais diversas formas de luta e busca por alternativas de uma vida melhor por parte da massa escravizada. Falta somente expandir esse cotidiano de luta nas classes escolares, que ainda são dominadas em grande maioria pelas idéias de um negro submisso.
Ser um escravo lhe lançava imediatamente a um mundo de repressões, castigos, exploração, submissão, solidão, torturas; comer, vestir e dormir conforme lhe era concedido. Era uma vida árdua que geralmente acarretava em morte em menos de sete anos de trabalho. Mesmo assim havia situações bastante distintas, um escravo urbano, por exemplo, gozava de um contexto muito mais ameno que um inserido nas plantações de cana de açúcar e cafezais. Possuía trabalhos menos exaustivos, jornada de trabalho um pouco mais curta, melhores condições de habitação e alimentação, maior liberdade de locomoção, de mudar de serviço, de senhor, podia até mesmo desenvolver um negócio próprio e angariar fundos pra comprar sua alforria durante suas horas de descanso. Os escravos também foram usados no sul do Brasil encarregados do pastoreio de gado onde a jornada de trabalho se estendia muitas vezes durante quase toda a noite. Mas de todos os empregos forçados em terras americanas nenhum era mais desgastante do que a exploração das minas que exigia jornada absurda com imersão em água, exposição ao sol, poucas roupas e posição curvada sobre constante vigilância.
As pressões externas, sobretudo a inglesa, levaram pouco a pouco ao fim do trafico negreiro e mais tarde da própria escravidão nas Américas. Mas isso foi um longo processo social onde as relações escravo/senhor foram se moldando lentamente conforme a situação exigia. No fim desse período o escravo já era tratado de forma significativamente mais humana, poupado de diversos serviços que colocariam sua vida em risco já que estava se tornando uma mercadoria cara e escassa. Durante o império a existência da Constituição afirmando igualdade e liberdade ia de encontro a permanência da exploração de mão de obra escrava e desta forma culminou no ato de Absolvição através das mãos da princesa Isabel como todos nós já conhecemos; um outro fato que foi trabalhado como um ato heróico próprio da solidariedade daquela alma, mas a historiografia mais uma vez estava equivocada, pois como sabemos a princesa simplesmente assinou um idéia pensada a décadas e que naquele contexto era algo inevitável para continuar as relações comerciais com o exterior por sermos um país agro-exportador e dependente das grandes nações da época.
O preconceito com o negro é um ato ridículo que prova o quanto ainda somos voltados a uma sociedade hierárquica, antiquada e elitista. Foi através dos braços destes imigrantes sofredores que nos constituímos como país, foram eles que trabalharam para desenvolver nossa sociedade, e são eles que até hoje sofrem uma exclusão social absurda. Temos muito o que crescer intelectualmente, não basta criar cotas de inclusão é preciso modificar a mentalidade fútil de nosso povo. Um preconceito sem razão, somos todos iguais e os negros possuem uma alma muito mais limpa do que a nossa, que durante séculos exploramos impiedosamente nosso semelhante somente por ambição financeira. Os negros são muito mais humanos do que os brancos, sofreram e sofrem muito até os dias de hoje devido nossa mania de menosprezar o diferente, mas nem por isso se sujeitaram a medidas agressivas e segregacionistas como nós o fizemos tantas vezes. São um povo de alma nobre, que sabem perdoar o próximo e lutam incansavelmente, e o mais importante: pacificamente, para ser reconhecidos perante a sociedade e obter o mínimo de dignidade para viver e criar seus filhos.
Como descendente dessa massa tão humilhada durante séculos, peço humildemente que você reflita sobre seus atos e ajude a criar uma opinião mais digna, mais solidária, e nos reconheçam finalmente como seus iguais e freiem esse preconceito racial tão desumano e injusto para com nós.
Atenciosamente: Janaina DA Silva.
3 comentários:
ainda é muito difícil para os negros aqui no Brasil.os trabalhos mais pesados, mais sujos são feito pelos negros.em determinados lugares mais refinados somos ate ignorados embora estejamos tão bem vestidos, cheirosos, e pagando o mesmo preço dos demais.é ridículo essa discriminação.
Achei interessante.
Obg, pois achei o texto interessante e me ajudou bastante!!!...
Postar um comentário