(Cidadela Laferrièra, fortaleza construída durante o governo do primeiro rei haitiano, Henri I) |
O território que hoje compreende o Haiti, antigo São Domingos, foi descoberto e colonizado inicialmente pelos espanhóis, mas o país que realmente explorou essas terras foi a França. Por volta do século XVIII as grandes plantations da região produziam 40% de todo o açúcar vendido no mundo, muito mais do que era produzido no Brasil que possuía 300 vezes mais espaço físico.
São Domingos era uma riquíssima colônia, as melhores peças de teatro vinham diretamente da França para o tetro da maior cidade haitiana. Mas esse progresso foi interrompido por uma revolta em 1791 que durou onze anos e foi organizada por negros influentes dentro do sistema escravocrata local. Toda a revolução foi organizada por líderes quilombolas, feitores e cocheiros numa cerimônia de domingo a noite em Bois Caiman.
A noite escolhida para o início da revolta foi a de 21 de agosto, o principal líder do movimento era Dutty Boukman e o objetivo era matar todos os fazendeiros franceses da colônia através de ataques planejados e simultâneos que acabaram sendo muito mais intensos no norte. Percebendo a situação, ingleses e espanhóis tentaram tomar as terras haitianas para si, mas suas tentativas foram frustradas, pois os negros resistiram e onze anos mais tarde conseguiram se proclamar independentes. Foi o primeiro caso de revolta negra a obter sucesso em terras americanas.
Embora pensemos que os líderes do movimento de independência pretendiam libertar todos os negros ,a realidade foi outra. Ao obter vitórias, os líderes revolucionários, antes escravos, se mostravam a favor da escravidão e evidenciavam que pretendiam somente passar o poder das mãos brancas para as negras. A ideia de libertar todos os escravos haitianos surgiu apenas em 1794 durante a Revolução Francesa.
O rei francês chegou a criar leis que amenizavam a situação de todos os escravos da colônia haitiana, mesmo assim os líderes da revolução se uniram ao governo espanhol, que era a favor da escravidão, a fim de conquistar poder para si próprios. Isso explica porquê muitos negros eram monarquistas (a favor do rei), pois eles acreditavam que o rei francês tentava melhorar seu modo de vida, mas era desrespeitado pelos senhores brancos aqui no solo americano.
Esse fato levou milhões de escravos a ficarem do lado do exército espanhol na luta contra os soldados republicanos franceses. O interessante é que existiram líderes do movimento de independência haitiana que realmente eram a favor da escravidão, como Jean Kina que perguntava aos negros que liderava se acaso lembravam-se o quanto eram mais felizes quando eram comandados por um rei. Jean chegou a negar sua carta de alforria por dois anos, pois realmente preferia ser um escravo.
Somente em 1803 o objetivo da liberdade foi alcançado e São Domingos passou a se chamar Haiti, um nome de origem indígena escolhido pelo líder Dessalines. Mas o território foi fragmentado em duas partes e o norte acabou sendo governado por um rei negro, ex-escravo e líder do movimento, Henri I. Henri governou com trajes e pompa dignos de um grande rei europeu, mandou construir palácios e concedeu cargos de nobreza como duque, conde e visconde, além disso torturava e perseguia os negros que insistiam em viver nas suas próprias fazendas de maneira independente, a regra era trabalhar nas grandes fazendas de cana-de-açúcar, café ou algodão da época escravocrata.
Para obter mais informações acerca dos líderes negros que levaram à independência do Haiti, confira o livro Guia Politicamente Incorreto da América Latina de Leandro Narloch e Duda Teixeira.
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