(Charge sobre o Fim da Monarquia - Autor desconhecido) |
O Brasil foi o único país americano que chegou a ser governado por reis e imperadores que moravam em seu território. Mesmo após conseguir a independência de Portugal, nós continuamos sendo representados por monarcas hereditários. Até o Brasil se transformar numa República demorou um certo tempo e para que isso acontecesse foi necessário expulsar o último imperador para que instaurássemos um governo republicano representado por um presidente eleito para mandato de quatro anos.
O último imperador brasileiro foi Dom Pedro II, um homem sábio e bonachão que governou nosso país durante 49 anos até ser expulso daqui por seu grande amigo, o marechal Deodoro da Fonseca. O mandato de expulsão foi realizado através de uma carta e os alunos dos oitavos anos elaboraram redações narrando o momento em que o velho Pedro leu essa mensagem. Esses textos dos alunos foram colocados num concurso aonde os estudantes dos sétimos anos elegeram os três melhores, confira as primeiras colocações:
1º Lugar:
O
meu fim (Nathan
Duarte – 8ºII/2014)
Saudações, eu sou Dom Pedro II e estou aqui para falar do fim da monarquia no
Brasil. Para começar, vou fazer uma breve descrição da minha pessoa; sou amante
da ciência e da arte, admiro a diversidade exótica do meu Brasil. Comecei a
governar este maravilhoso país no dia 18 de julho de 1841 com apenas 14 anos de
idade. Durante toda minha vida morei aqui e nunca pensei que sairia desta minha
terra, mas me enganei! Agora explicarei como isso aconteceu.
No dia 15 de novembro de 1889 fui surpreendido ao ver dois soldados de baixo
escalão que traziam consigo uma carta do meu fiel amigo, o marechal Deodoro da
Fonseca. Quando recebi a carta, por um instante pensei que Deodoro havia me
enviado um convite para uma festa que daria à minha pessoa, como é comum nos
dias de hoje. Abri o envelope que protegia a carta e comecei a lê-la. Quando
terminei a leitura, não conseguia me expressar, minha mão começou a suar,
minhas pernas a tremer e meu coração a se quebrar. A carta me dizia que eu
teria que sair do Brasil sem levar nada de valor. Minha coroa, meu cetro,
minhas joias, nada, poderia levar somente objetos extremamente pessoais. A terra a qual dediquei toda minha vida, a
qual eu amo tanto, estava me expulsando porque queria implantar a república no
Brasil. Eu me senti traído pelo marechal Deodoro, mas não conseguia expressar
raiva, somente uma profunda tristeza, parecia que eu iria morrer!
No dia 17 de novembro de 1889, eu, minha família e meus amigos, no calar da
noite, embarcamos para Portugal, deixando para trás minha amada terra, foi a
pior sensação de toda a minha vida. Estava com sentimento de desprezo, de
derrota, de ingratidão; aquela terra, a minha terra, me expulsou como se eu
fosse uma pessoa qualquer que fizesse mal para o país.
Quando desembarquei em Portugal passei a morar no castelo de Queluz, o qual
pertencia à minha família. Depois de ser expulso de minha pátria mãe,
acontece-me a segunda perda: Tereza Cristina falece, deixando-me viúvo. A
terceira perda foi a morte da Condessa de Barral, minha amiga fiel, e por
último, meu único herdeiro foi internado em um manicômio.
Dom Pedro II faleceu no dia 5 de dezembro de 1891, á seu velório foram pessoas
de todo o mundo, afinal Dom Pedro era querido por todos pelo seu jeito humilde
de ser.
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2º Lugar:
O
Exílio (Enzo
Vinícius Machado – 8ºI/2014)
Eu estava lá, no meu palácio, era um
dia como qualquer outro, quando veio aquele soldado correndo e entrou
rapidamente na sala onde eu estava. Havia uma carta em suas mãos, ele me
entregou e se retirou, rápido, sem nem identificar o remetente. A carta estava
muito mal embrulhada e o envelope estava amassado. Fiquei com receio de abrir,
mas tirei ela do envelope com toda a velocidade do mundo. Não era uma carta
grande e tentei começar a ler pelo final para saber do que se tratava, mas me
arrependi e retornei ao início. No começo, pensei ser algum tipo de ameaça e
conforme eu lia aqueles letras pequenas escritas com tinta borrada descobri que
na verdade se tratava de um aviso de meu fiel amigo Marechal Deodoro da
Fonseca, falando sobre meu inevitável exílio para o início de uma república no
Brasil. Na carta ele me pediu para antecipar minha saída do Brasil indo embora
as escondidas, dizendo que eu tinha pouco tempo e essa era a vontade do povo.
Eu ainda estava em choque e me recusava a acreditar, meus olhos se enchiam de lágrimas e tive de disfarçar para os meus soldados da Guarda Nacional que estavam no palácio, para não perceberem minha tristeza. Respirei fundo e li a carta até a última letra (Mesmo não querendo) como era de costume. Resolvi deixar a sala e entrar e entrar num quarto sozinho para ter um tempo para pensar. Pedi para que ninguém me seguisse, pois tinha que tomar uma decisão rápida, sem contar a ninguém sobre o conteúdo da carta.
De início pensei em ficar no Brasil, vivendo escondido, mas seria egoísta demais e acabei decidindo voltar para Portugal, por falta de opções. Avisei minha família e meus amigos mais próximos para que ficassem prontos para partir. Decidi fazer as malas em cima da hora para não levantar suspeitas. Dois dias depois eu resolvi me despedir desse país maravilhoso que era meu lar. Fui até a maior janela e comecei a observar todo o encanto e beleza que há nessa natureza, não conseguindo disfarçar as lágrimas desta vez, mas não dei satisfação alguma. Era de madrugada, minha família estava me esperando no porto. Fiz as malas as pressas, levei o mínimo possível, pois tinha sido proibido de levar qualquer pertence do palácio. Já dentro do barco, fiquei assistindo a minha partida, com um aperto grande no coração, foi a sensação mais dolorosa da minha vida. Um pedaço de mim havia morrido ali e fiquei acordado a noite inteira tendo ainda um fio de esperança de poder um dia retornar a minha terra amada.
De início pensei em ficar no Brasil, vivendo escondido, mas seria egoísta demais e acabei decidindo voltar para Portugal, por falta de opções. Avisei minha família e meus amigos mais próximos para que ficassem prontos para partir. Decidi fazer as malas em cima da hora para não levantar suspeitas. Dois dias depois eu resolvi me despedir desse país maravilhoso que era meu lar. Fui até a maior janela e comecei a observar todo o encanto e beleza que há nessa natureza, não conseguindo disfarçar as lágrimas desta vez, mas não dei satisfação alguma. Era de madrugada, minha família estava me esperando no porto. Fiz as malas as pressas, levei o mínimo possível, pois tinha sido proibido de levar qualquer pertence do palácio. Já dentro do barco, fiquei assistindo a minha partida, com um aperto grande no coração, foi a sensação mais dolorosa da minha vida. Um pedaço de mim havia morrido ali e fiquei acordado a noite inteira tendo ainda um fio de esperança de poder um dia retornar a minha terra amada.
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3º Lugar:
O
dia que me arruinou (Ana Carolina Aurélio - 8ºI/2014)
Eu estava reunido com minha família,
estávamos descansando a comida do almoço. Sabe quando você sente que nada de
bom vai acontecer no seu dia? Então, eu estava sentindo como se aquele dia não
fosse acabar bem. Algumas horas depois, me deparei
com dois soldados, eles vieram até mim com um papel nas mãos, então percebi que
era uma carta que me entregaram a mando do Marechal Deodoro da Fonseca. Não
pensei que seria algo ruim, pois Deodoro era um grande amigo meu. Mas, ao ler
aquela carta, algo em mim me desesperou e lágrimas escorreram pelo meu rosto, eu paralisei ali e fiquei em choque.
Li
a carta para Teresa Cristina, onde dizia: ou saíamos do Brasil ou toda o Exército viria até nós, Tereza me abraçou forte e chorou ao meu ombro. Eu não sabia no que pensar, como se quer agir naquele dia 15/11/1889. Era um dos piores dias que testemunhei, meu amigo me pedindo para sair do lugar que eu nasci, onde eu construí minhas família, esse 49 anos de governo que desenvolvi e nos quais tanto aprendi teriam acabado. Não conseguia acreditar que aquilo estava realmente acontecendo. Eu
então tomei a decisão de ir embora, mas eu sabia que iria sem nada e aceitar
essa ideia foi difícil. Marquei minha saída para o dia 18/11/1889. Voltamos a Portugal ás escondidas do povo,
nada daquilo eles sabiam, nem eu esperava que a República provisória já
estivesse instaurada. Eu sempre gostei de um país governado por uma República,
só não esperava que fosse essa a atitude para ser proclamada a República no
Brasil.
Eu
então havia partido para Portugal com minha família e alguns amigos que estavam
do meu lado. E quanto mais estávamos nos afastando do Brasil, pior eu me
sentia. Quando havíamos chegado a Portugal totalmente falidos e só com a roupa do
corpo, com a ajuda de nossos amigos queridos conseguimos nos instalar. E assim
fomos mantidos com a ajuda dos outros. Depois de uns tempos, meu neto foi
internado em uma clínica para loucos; logo depois morreu Teresa Cristina e
então havia perdido a razão de querer viver, ainda mais estando longe do lugar
que eu pude chamar de meu, mas chamar com vontade, orgulho e acima de tudo amor:
Meu Brasil! E sem a mulher que esteve
ao meu lado nos piores e melhores momentos. Bom, eu creio que, logo logo, não
vou habitar mais este planeta, só espero ter um pedido realizado. Para o lugar
que me fez feliz não poderei mais voltar, somente em sonhos, mas por favor:
Deixem que eu vá com a terra de lá, deitem-me sobre a terra brasileira para que
eu parta feliz. Mesmo estando em outra dimensão eu terei a consciência de que
um pedaço do Brasil vai comigo.
3 comentários:
Quero parabenizar a professora Janaina e aos alunos que participaram da elaboração das cartas, principalmente aos três vencedores. Nathan foi meu aluno onde alfabetizei fui professora dele no 1º ano quando seu pai faleceu e professora dele no 5º ano quando sua mãe faleceu. É um menino de ouro. Ao ler as três cartas gostei muito a olhar com outros olhos essa história. A carta que mais me comoveu foi a da Ana Carolina, pois ela fez olhar para dentro de si uma nova consciência, uma reflexão sobre nossos conceitos e crenças.
Excelente trabalho, nos faz refletir o quão foi importante a monarquia brasileira e a grande injustiça aplicada pelo movimento republicano.
Que trabalhos magníficos ! Sou professora do quinto ano e me encantei com as dissertações. A sensibilidade dos alunos frente ao contexto histórico é bastante comovente. Parabéns à professora e aos alunos.
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