segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A Capitania de Santa Catarina e sua função militar-estratégica inicial



A Capitania de Santa Catarina foi criada no ano de 1738, conforme orientação da Coroa portuguesa, subordinada a Capitania do Rio de Janeiro. Seu primeiro governador foi um engenheiro militar chamado Silva Paes. Paes tinha como objetivo principal fortalecer e colonizar essas terras devido sua importância geopolítica, pois era fundamental para alcançar as riquezas do Rio do Prata espanhol via Colônia do Sacramento e também para obter o gado rio-grandense via Laguna; esses dois desejos, o primeiro oficial e o segundo privado, necessitavam do apoio militar que as terras catarinenses ofereciam, sobretudo a Ilha de Florianópolis, isso porque a Serra do Mar nessa região apresenta características próprias, terminando em faixas de terra muito propícias ao porto de embarcações.

Paes iniciou seus projetos construindo três fortificações na Ilha: de Anhatomirim, José da Ponta Grossa e de Santo Antônio de Ratones às quais mais tarde acrescentaram-se as: de Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba, de Santana e de Santa Bárbara, juntos estes 6 fortes mantinham militarmente o domínio português sobre a Colônia do Sacramento e o território lagunense por onde o gado sulino alcançava as minas de ouro do Sertão do Cuieté.

A ocupação efetiva das terras garantiria de vez a posse deste território contestado por portugueses e espanhóis, desta forma a coroa lusitana a partir do ano de 1746 incentiva a vinda de casais camponeses da Ilha de Açores ofertando uma série de vantagens para os que aceitassem a proposta de viver no sul brasileiro, os açorianos foram a base da discussão do Tratado de Madri em 1750.

Santa Catarina, como visto, se voltava a proteção do território, por isso, abrigava um contingente enorme de oficiais ociosos que dependiam da agricultura da região, em colapso à época, os açorianos vieram suprir essa necessidade de produção de alimentos. Além desta produção de subsistência, a partir do ano de 1742, foram criados diversos estabelecimentos de caça e extração de óleo de baleias visando amenizar os investimentos militares das fortificações. Desta forma a economia catarinense não passava de uma questão de subsistência apresentando relações de escambo, uma vez que as únicas riquezas daqui extraídas vinham dos baleeiros e seguiam diretamente para as mãos dos portugueses arrematadores e os impostos destas pertenciam ao Rio de Janeiro.

Durante anos a situação se manteve assim, somente com a independência do Prata (e a conseqüente criação do Uruguai em 1828) nossa Capitania se viu livre do sustento de milhares de militares, passando a produzir excedentes tanto na agricultura quanto na pesca que foi liberada ao povo com a decadência dos baleeiros monopolistas. Pela primeira vez na história catarinense foi possível desenvolver uma economia própria, que, seguindo o trajeto histórico, acabou sendo a exploração da natureza local, desenvolvendo um centro comercial forte voltado a exportação de alimentos.

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