segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Antônio Francisco Lisboa, Aleijadinho?

(Profetas em Congonhas-MG)
Os doze profetas do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos compõem as obras mais conhecidas da incógnita: Aleijadinho. O autor das esculturas não assinou seu nome, como era de costume na época de sua confecção. Os artesões trabalhavam em grupos para seus contratantes contando com a ajuda de seus escravos e muitas vezes o mestre assinava obras de seus alunos, mas o padrão geral era a falta de identificação nas peças.

A corrido ao ouro mineiro proporcionou a construções de belas igrejas acompanhadas de adornos riquíssimos. Era o século do romantismo, os artistas seguiam um padrão estético, assim  os narizes desproporcionais, as maças do rosto salientes, os olhos amendoados, os cabelos cacheados e os polegares na mesma direção dos outros dedos encontrados nas obras de Antônio Francisco Lisboa causaram estranhamento e desdém.

O passar dos anos trouxe uma inovação, hoje para o reconhecimento artístico não basta seguir padrões, é preciso ousar. Durante essa revisão artística, Aleijadinho passa de um mal escultor para ícone nacional. O que antes era visto como bizarrice em suas obras passou a ser exaltado como diferencial e hoje é analisado por diversos interessados no assunto.

Após 1920 os representantes do Modernismo brasileiro foram buscar em Aleijadinho um exemplo de talento popular. Mário de Andrade afirmou que as imperfeições nos trabalhos eram intencionais e expressavam a revolta do autor perante sua condição física. Gilberto Freyre, por sua vez, explicou as peculiaridades como fruto da revolta do artista por ser mulato.

A real doença que teria acometido Antônio é desconhecida, suspeita-se de lepra,  sífiles, hanseníase, acidente vascular cerebral,  escorbuto, bouba, além de outras quatorze moléstias. O fato é que não existem obras assinadas com o codinome Aleijadinho, somente recibos destinados a Antônio Francisco Lisboa que recebeu esse apelido e fama. Aleijadinho pode simplesmente nunca ter existido, não passando de crença popular, isso há de se reconhecer.

Cada colecionador usa de um argumento para defender a autenticidade do artista e suas produções. O próprio imperador Dom Pedro II distribuiu honrarias a escritores que se dispuseram a publicar biografias sobre o suposta artista nacional. A dúvida persiste e assombra nossa história já repleta de heróis forjados. Mais detalhes no sexto capítulo do Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil do jornalista Leandro Narloch.

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