quarta-feira, 28 de março de 2012

Tiradentes, o mito nacional


(Alferes Tiradentes, óleo sobre tela de Washington Rodrigues)

Joaquim José da Silva Xavier nascido em 1746 na região de Minas Gerais era filho de Antônia da Encarnação Xavier (brasileira) e Domingos da Silva Santos (proprietário rural português). Aos 9 anos de idade perdeu sua mãe e ainda aos 15 anos se tornou órfão de pai ficando sobre a tutela de seu tio até os 25 anos quando alcançaria a maioridade. Como não pode freqüentar o curso regular foi alfabetizado por seu irmão mais velho. Exerceu diversas profissões, chegando a praticar trabalhos como médico e farmacêutico sem ter qualquer formação nessas área. Seus hábitos de dentista lhe renderam o apelido de Tiradentes.

Em 1772 se tornou mascate entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais, mas perdeu sua licença quando defendeu um escravo. Três ano depois ingressou para a 6ª Companhia de Dragões do Regimento de Cavalaria Regular da Capitania de Minas Gerais onde conheceu as idéias iluministas se identificando com as de Thomas Jeferson. Possuiu sítios, gados, sesmarias e escravos chegando a explorar 43 minas de ouro em 1781. Esses bens foram passados a terceiros para evitar o confisco quando foi preso por tramar contra Portugal durante a Inconfidência Mineira, assim que foi denunciado fugiu para a capital brasileira, mas foi encontrado.

Sua aparência é pouco conhecida porque não chegou a pintar nenhum retrato seu, sabe-se que era alto, magro, de olhar espantado, alguns cabelos brancos e caprichoso com suas roupas. Morreu solteiro sem deixar filhos registrados, no entanto existe a suspeita de que durante um relacionamento curto com Antônia Maria tenha surgido a pequena Joaquina, esta não seria a única filha dele, alguns historiadores defendem o fato dele ter se envolvido com a irmã mais velha de Antônia gerando João de Almeida Beltrão, mas este foi registrado pelo marido da mulher amenizando os comentários.

Acredita-se que ele mesmo prenderia o governador de Minas Gerais durante a revolta planejada, mas não teve tempo pra isso. Foi condenado a pena de morte pela coroa portuguesa sendo enforcado em 21 de abril de 1792 acusado de tentar separar a capitania mineira do território lusitano.

Durante a construção da Republica brasileira Tiradentes foi transformado num herói nacional. Ele representava o desejo de independência brasileira vindo do povo, dos nascidos na terra. Sua imagem ganhou os mesmos contornos de Jesus para sensibilizar a população e engrandecer o mito. Ele se tornou a personificação da sociedade brasileira, forte e determinada. O primeiro feriado nacional decretado foi o de 21 de abril, dia de execução de Tiradentes. Uma de suas imagens mais conhecidas é a que segue, observe o traçado de nosso país aparecendo na imagem:

(Tiradentes esquartejado, pintura de 1893, de autoria de Pedro Américo)


Leia a Sentença de Tiradentes:

(…) condenam o réu Joaquim José da Silva Xavier, por alcunha o Tiradentes, (…) a que (…) seja conduzido pelas ruas públicas ao lugar da forca, e nela morra morte natural para sempre, e que depois de morto lhe seja cortada a cabeça e levada à Vila Rica, aonde no lugar mais público será dividido em quatro quartos e pregados em postes pelo caminho de Minas (…) aonde o réu teve as suas infames práticas (…) até que o tempo também os consuma. Declaram ao réu infame, e infame seus filhos e netos (…), e seus bens (…) e a casa em que vivia em Vila Rica será arrasada e salgada, e que nunca mais no chão se edifique, e não sendo próprias, serão avaliadas e pagas ao seu dono pelos bens confiscados, e no mesmo chão se lavantará um padrão pelo qual se coserve em memória a infâmia deste abominável réu.

(Fonte: Autos da devassa da Inconfidência Mineira, reproduzido por Silvia H, Lara. Tiradentes e a nação esquartejada. In: Pátria amada esquartejada. São Paulo: DPH/SMC, 1992. p. 19.)

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