sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Brasil colonial; escravidão e expansão territorial

Afirmar que os escravos eram as "mãos e os pés do senhor de engenho" como escreve o padre jesuíta André João Antonil nada mais é do que explicitar em poucas palavras a realidade durante o período colonial. É fato, como todos sabem, a extrema exploração sobre a mão de obra desta natureza, tanto que dados confirmam que raramente um escravo ultrapassava a barreira de cinco anos de sobrevivência neste sistema devido à excessiva carga horária (que alcançava 18 horas diárias), os maus tratos aplicados (agressões severamente desumanas) e as péssimas condições de vida a que eram submetidos. Nesta questão é muito importante ressaltar a existência dos nativos, pois ocorre a interligação automática entre a escravidão e as etnias africanas, esquecendo que nossos aborígines foram os primeiros a enfrentar a ganância portuguesa nessas terras.

Nesta situação obviamente as tarefas manuais; aquelas que exigem força e sacrifício eram todas executadas pelas mãos dos escravos enquanto que os lucros e administração eram ofícios dos lusitanos indicados pela própria coroa. Também existiam portugueses assalariados, mesmo assim constituíam uma população ínfima.

As grandes plantações de açúcar do inicio da dominação portuguesa podem ser consideradas o motor da sociedade brasileira, foi através dela que se firmou esta situação onde a maioria oprimida e sem oportunidades passou a sustentar grandes senhores de terra, abastecendo assim uma sociedade européia que sequer imaginava que existisse.

Esse sistema de exploração das riquezas naturais, neste caso específico, de nossas terras, a chamada plantation, colaborou muito com a expansão por territórios cada vez mais interioranos justamente porque se tornava pequeno o espaço destinado a essa mola propulsora.

Esta necessidade de expansão para aumentar a produção açucareira junto da incessante busca por metais preciosos e a necessidade de acabar com a resistência indígena levou os domínios reais ao interior; dando inicio aos ciclos de atuação dos bandeirantes, homens que iam à busca desses objetivos. Foram quatro: ciclo do ouro de lavagem (próprio nome explica qual a riqueza procurada), ciclo da caça ao índio (para mão de obra escrava), ciclo do sertanismo de contrato (onde pessoas eram encarregadas de recrutar força humana originária de caça ao índio e apreensão de escravos de quilombos) e o ciclo do ouro e dos diamantes (mais um que se explica na própria denominação). Aqui foi dado o “ponta pé” inicial para a grande exploração de nossas riquezas que se efetivaria a seguir e que nos afeta até hoje através das políticas de ocupação sobre a Amazônia, por exemplo, um problema que vem justamente destas origens remotas ao qual pouco ou quase nada de atenção esta sendo oferecida, como sabemos.

A importância da escravidão dos nativos teve importância fundamental durante os ciclos dos bandeirantes, pois é justamente através deles que os portugueses passam a ter meios de explorar as riquezas naturais de uma forma mais intensa. Eram eles quem conhecia a terra, sabiam como adentrá-la e também aonde se encontravam os produtos que interessavam aos estrangeiros. Desta forma passam a ser o principal alvo de captura, pois como vimos facilitavam a exploração da natureza brasileira.

Este ciclo foi extremamente vantajoso aos colonizadores, em contrapartida foi uma dizimação humana para os ameríndios. Estes eram explorados ao máximo e estavam suscetíveis às doenças do além mar que, desconhecidas por seus pajés, não haviam como ser controladas. O trabalho forçado, estas doenças e as agressões físicas levaram aqueles que não conseguiram fugir ao mesmo destino, a morte.

É importante entendermos o quanto a colonização foi banal a nossos conterrâneos, sabendo que um contato pacífico poderia ter ocorrido se não houvesse a ambição sem limites do homem europeu. É interessante imaginarmos o quanto nosso país poderia ser diferente hoje em dia caso a realidade fosse outra. Podemos trabalhar este pensamento em sala de aula incentivando o censo crítico infantil e possibilitando o amadurecimento de idéias responsáveis socialmente. Temos que tomar medidas para preservar os pouquíssimos representantes indígenas que resistem as modernidades e tentam a todo custo preservar seus costumes à risca. Isso é fantástico. Isso é admirável. As aldeias que querem se manter quanto tais, mas se submetem a todas as tecnologias do governo, podem não estar erradas por querer inovar, mas devem reconhecer que isto não é se manter Índio, e sim tornar-se parte da sociedade moderna.

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