quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Roma, quem era quem



A civilização romana foi uma das maiores de todo o mundo e, por isso mesmo, era composta por pessoas muito diferentes, mas que deviam seguir os critérios sociais do governo de Roma. Cada pessoa sabia muito bem qual era o seu papel social e quais os deveres que deveria cumprir. Conheça um pouquinho melhor as classificações sociais romanas e como era o estilo de vida de cada uma delas, divirta-se:

O pai de família

Um homem se torna pai de família após ficar órfão ou ser emancipado. A partir desse momento, nada mais o liga aos seus irmãos porque, em Roma, as famílias eram as formadas por casamento.  Após se casar, se possível, cada casal terá sua própria casa aonde o pai de família será o chefe e ficará responsável por sua esposa (adquirida em jantar familiar), seus filhos ( ao menos três que podiam ser legítimos e educados severamente ou adotados e educados com mais liberdade), seus escravos, seus escravos libertos e seus clientes (homens fiéis). O pai protegia seus filhos por causa de seu dinheiro ou com o interesse de herdar algo por eles, mas não os mantinha sobre seu olhar. Também era dever do pai de família dar ordens e distribuir tarefas ao amanhecer de cada dia.

A mãe de família

Eram chamadas de senhoras e raramente eram responsáveis pela distribuição das tarefas dentro de casa porque dificilmente os maridos lhe ofereciam esse mérito. Os médicos afirmavam que fazia bem pra saúde das esposas que elas se ocupassem com alguma atividade, mas, geralmente, as únicas coisas que elas faziam eram se ocupar na roca ou no fuso preparando tecidos para sua família, essa era uma maneira decente de uma mãe de família ocupar o seu tempo. A mulher sequer podia desfrutar de privacidade porque as casas eram repletas de escravos que trabalhavam e descansavam por todos os lugares, inclusive em frente ao quarto do casal. Muitas mulheres gregas preferiam ser trancadas durante a noite por seus esposos em seus quartos para poderem estar sozinhas sem os olhares vigilantes de seus escravos. Basicamente, ser mãe de família era uma honrosa prisão. Caso a mulher estivesse descontente com o casamento ela poderia retornar a casa de seu pai.

As viúvas

As mulheres que enviuvavam se tornavam donas de si e de todas as suas propriedades, agora ela não tinha mais senhor e poderia fazer de sua vida o que considerasse melhor. Geralmente possuíam amantes abertamente e causavam espanto entre os religiosos. Elas tinham a melhor condição de vida entre as mulheres nascidas em Roma devido a liberdade que podiam desfrutar.

As concubinas

Eram mulheres extremamente amadas por um homem, mas que não podiam se casar com ele devido a sua situação social inferior. As concubinas mais comuns eram as escravas que haviam sido libertas. Muitos homens tinham suas concubinas, mas jamais deveriam ter mais do que uma ou serem casados.

Os filhos bastardos

Grande maioria dos filhos gerados fora do casamento dos homens eram concebidos com suas escravas e, pela lei romana, era proibido a um senhor assumir seu filho com uma escrava. A única coisa que o pai poderia fazer pelo filho bastardo era libertá-lo, pois sequer adotá-lo era permitido.

Os queridinhos

Eram crianças encontradas na rua ou de origem escrava que eram criadas por um senhor rico que lhe oferecia brincadeiras, mimos e educação liberal. Em troca, esses jovens deveriam estar sempre presentes nos jantares, usar suas jóias, se vestirem como príncipes e saírem de casa com seu cortejo. Muitos deles eram filhos mantidos em segredo pelo senhor. Geralmente os queridinhos e queridinhas serviam apenas como brinquedo ou filho adotivo, mas outros eram escolhidos para ocupar o cargo de favorito para satisfazer alguns desejos do seu senhor em segredo.

Os favoritos

Eram meninos escolhidos por um homem de bem. A sociedade considerava pecado a escolha de um favorito, mas era um pecado relativamente pequeno que encaravam com sorrisos de modo respeitoso. Vários imperadores tiveram um favorito, mas não os beijavam na boca na presença de suas esposas, pois, apesar do beijo entre homens ter se tornado um hábito comum e simbolizar devoção, ele ainda provocava ciúmes nas mulheres. Por regra. os favoritos só poderiam ser mantidos até a puberdade quando ainda não haviam definido seu sexo, mas assim que surgisse o primeiro bigode eles deveriam cortar seus cabelos e abandonar a posição de predileto. Entretanto, alguns despertaram tamanho amor de seus senhores que foram mantidos por eles mesmo após a idade adulta sem se preocupar em disfarçar a união.

Os pajens

Eram meninos bonitos que formavam um batalhão dentro da casa de um homem para servir-lhe o jantar e o acompanhar até a cama. Eram escravos, mas vinham de famílias importantes e por isso eram chamados de pajens para serem diferenciados dos queridinhos.

Os escravos (lembrando que não eram somente negros)

Os romanos não viam seus escravos apenas como objetos, eles os consideravam seres humanos que deveriam ser amados e corrigidos pelo fato de serem inferiores. A relação entre senhor e escravo era quase familiar, como entre pai e filhos pequenos. Muitos escravos chegaram a ser mais rico e poderosos do que os homens livres. Havia três maneiras de se tornar escravo: ser vendido ainda recém nascido por causa da pobreza familiar, se vender para não morrer de fome ou se vender para administrar os bens de algum homem muito importante.  Caso fosse comprado, era dever do vendedor informar todas as características negativas do futuro escravo para seu dono. Não era descente enfatizar que um escravo havia nascido livre e se vendido para a escravidão.

Após se tornar um escravo, a pessoa ganharia um nome simples como fazemos com nossos cães de estimação e depois iriam trabalhar no campo para camponeses humildes levando uma vida muito dura ou então serviriam de domésticos nas ricas casas romanas aonde viviam mais de dez escravos que desempenhariam cada qual a sua função para o bem estar familiar. Dentro dos lares haviam escravos simples encarregados de tarefas cotidianos até escravos poderosos que cuidavam de todas as riquezas de seu senhor, tanto que muitos escravos causavam medo nas pessoas que disfarçavam sua aflição. Entretanto, mesmo sendo um escravo poderoso ou cúmplice, ele era tratado como os demais escravos de seu senhor, ou seja, poderia ser vendido, castigado, queimado pelo carrasco municipal ou torturado para confessar erros de seu dono.

Apesar dos pesares, os escravos em Roma não eram tão oprimidos, tanto que tinham o direito de exercer um pouco de sua vida particular indo aos cultos ou até mesmo se tornando sacerdotes ou padres, assim como podiam aproveitar os dias de folga indo ao teatros públicos, circos ou arenas. Se um escravo fosse considerado preguiçoso ou mal educado, a culpa era de seu dono que lhe passou maus exemplos. Inclusive, os escravos tinham o direito de fugir para pedir ajuda a um dos amigos de seu dono caso cometesse um erro que gostaria que fosse perdoado por seu senhor. Geralmente os escravos ganhavam a liberdade através do testamento de seu dono que era lido logo após a sua morte, caso o testamento não fosse claro a liberdade seria ofertada por ser mais digno. Um escravo libertado recebe o sobrenome de seu antigo dono que não pode voltar atrás nessa decisão.

O senhor de escravo (os)

Os donos perdiam a moral se agissem com raiva ou crueldade sobre os seus escravos, sem contar que poderiam causar danos materiais a si mesmos se machucassem seus cativos. O que o senhor poderia fazer era realizar um julgamento correto dentro de seu lar, se ao final do julgamento ele considerasse adequado condenar o escravo a morte não haveria problemas, mas se ele matasse seu escravo durante um ato de fúria ele seria julgado por um juiz e deveria convencê-lo de que seu ato foi gerado por um motivo muito sério. Ou seja, os romanos poderiam punir seus escravos como quisessem, mas deveriam respeitar as formalidades legais para decidir os castigos que aplicaria. Mesmo após vender o escravo, o dono poderia estabelecer condições como mantê-lo sempre em correntes caso fosse um mal escravo.

Com o passar dos anos em Roma, foi percebido uma leve humanização da escravidão que aumentou cada vez mais, por exemplo: próximo ao ano 200 os escravos receberam o direito de se casar. Lodo depois também surgiu o costume de enterrar os escravos, deixando de lado o costume de simplesmente jogar seus corpos no lixo ou deixá-los como responsabilidade dos demais escravos. Talvez essa maior consideração pelos escravos tenha começado porque muitos homens importantes acabaram se tornando escravos quando perderam batalhas importantes e eles seguiam sua nova posição social porque respeitavam o que o destino lhes tinha oferecido. Dar a liberdade não era um ato feito para o bem do escravo, mas sim uma prova da bondade de seu dono que realizou essa ação por decência já que não tinha esse dever.

Os libertos

Eram ex escravos que haviam sido libertados por seu senhor, não moravam mais com ele, mas deveriam frequentar a sua casa para lhe prestar homenagem. Geralmente se tornavam artesãos ou negociantes por conta própria e se destacavam economicamente. Para ganhar a liberdade existiam quatro condições: os escravos estavam prestes a morrer e mereciam morrer como homens livres, o senhor os libertava no testamento como um ato de dignidade, negociavam sua liberdade com seu senhor para fechar um bom negócio para ele ou faziam um acordo e continuavam trabalhando nos negócios de seu senhor com o mérito de serem libertados por bons serviços prestados.

Raramente alguém era libertado sem receber uma pensão ou um pedaço de terra de seus ex dono. Não se libertava escravos que não iriam conseguir sobreviver sozinhos, então os libertos não foram muito comuns e viviam numa contradição, por um lado eram importantes e poderosos, mas, por outro, ainda eram inferiores aos homens que sempre foram livres, por isso eles foram desenvolvendo seus próprios costumes. Mesmo imitando a alta sociedade, não podiam ingressar nela porque tinham origem escrava e acabaram não recebendo educação e cultura, uma vez que crianças escravas não podiam frequentar a escola. O privilégio que teriam em vida era saber que seus filhos seriam homens livres por completo e respeitados como tal.

Qualquer escravo poderia ser libertado, com uma exceção: o tesoureiro jamais poderia ser libertado, nem se seu dono fosse um imperador e desejasse lhe libertar, isso era lei.  Poucos libertos continuavam morando com seu senhor ou trabalhando para ele. Após a libertação o senhor passaria a ser chamado de patrono e os libertos teriam que tratá-lo com fidelidade e engrandecê-lo com duas visitas diárias, não era uma obrigação, mas os libertos que não cumprissem o costume eram chamados de libertos ingratos. O libertador poderá pedir favores pra seus libertos, mas não deve sobrecarregá-los, caso eles não realizem os desejos de seu ex dono, ele podia puni-los, tirá-los da lista de herdeiros, proibi-los de se enterrarem no túmulo familiar ou até lhes dar bastonadas. O liberto, por sua vez, não podia reclamar de seus castigos.

Os clientes (amigos)

Eram homens livres que escolhiam um pai de família (patrono) para ser fiel, eles tinham a obrigação de visitar o seu senhor diariamente assim que amanhecia para lhe prestar homenagem, assim ofereciam o respeito necessário para esse homem ingressar na vida política. Os clientes podiam ser humildes ou até mais poderosos do que o senhor que escolheram respeitar. Haviam quatro tipos de clientes: os que escolhiam um patrono em busca de ajuda para entrar na vida política, os que escolhiam um patrono para os ajudar em seus negócios com sua influência, os que escolhiam um patrono para contar com sua ajuda e esmolas para sobreviver e os que escolhiam um patrono para adquirir seus bens através do seu testamento. Alguns patronos possuíam dezenas ou até mesmo centenas de clientes que faziam fila em frente a sua casa quando o galo cantava com o raiar do sol. Para serem recebidos na antecâmara do patrono e receberem sua gorjeta, eles deveriam estar vestindo sua toga de cerimônia. Nos jantares oferecidos pelo patrono, os clientes recebiam pratos diferentes conforme sua posição social e deviam sentar-se ao lado dos libertos mesmo que sentissem ciúmes destes, uma vez que o patrono confiava muito mais nos seus ex-escravos do que nesses amigos chamados de clientes. As saudações e as pompas que os clientes ofereciam aos seus patronos ainda dão desconhecidas, mas sabe-se que eles eram muito mais comuns na região da Itália.

Os políticos

Eram os nobres e notáveis que faziam parte do Senado ou dos Conselhos Municipais aonde o número de cadeiras era limitado, mas isso não os impedia de comparecer a todas as audiências. Quem possuía um sobrenome importante tinha o dever de estar presente nas reuniões aonde decidiriam os rumos do povo romano. Lembrando que para ser respeitado politicamente, o nobre deveria possuir muitos libertos e clientes lhe prestando homenagens.

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