segunda-feira, 2 de março de 2009

O descobrimento das américas e o choque cultural

É injusto firmar o povo europeu como cruéis e insensíveis devido sua atuação sobre os povos ameríndios. Devemos levar em consideração a mentalidade dessas pessoas. Eles descendiam de uma população regida sobre valores extremamente autoritários que não possibilitavam qualquer contestação. Os dogmas católicos manipulavam os comportamentos de toda a população sem exceção alguma. Quem contrariasse as verdades religiosas era cruelmente punido por seu ato.

Estavam envoltos em uma realidade muito difícil, onde milhões morriam de fome ao lado dos palácios que em um único banquete aos minoritários nobres desperdiçavam quantidades exorbitantes de comida que poderiam alimentar por até um mês toda a população de um país.

A igreja por sua vez possuía duas vertentes, uma pregando a humildade enquanto a outra se esbanjava exibindo sua riqueza, esta última era a predominante e por sua vez acreditava na existência de um paraíso terreal. Neste momento em busca por saídas econômicas ao império e paz eterna aos seus homens surgem as grandes navegações transoceânicas como uma "saída de escape".

Em 1492 quando Cristóvão Colombo desembarca em terras americanas, pela primeira vez na história, acreditando ter encontrado as Índias, parte da solução econômica, ele se surpreende com a beleza natural da região e pureza de seus conterrâneos. Crê então e assim divulga ao povo europeu ter chego ao paraíso terrestre.

Com o passar do tempo, assim que a revolta dos índios se fez presente, o contato com os povos da região perdeu a delicadeza da chegada ao tal paraíso. Neste momento os espanhóis se voltam ao seu maior interesse: a exploração de riquezas; deixando de lado a misericórdia para com aquele povo que antes lhes pareciam tão bom. Agora começa definitivamente a exploração tribal.

Inicia-se o processo de dominação onde o trabalho indígena torna-se o principal meio de encontrar as riquezas naturais que tanto procuravam, sobre tudo, os minerais: ouro, prata e ferro. Mas as brutalidades cometidas podem ser justificadas pelo próprio desconhecimento do que seria a raça humana. Ao deparar-se com o massacre dos 40 europeus que ficaram responsáveis por cuidar da foz litorânea é natural que comecem a ver os indígenas como uma ameaça, ou até mesmo como animais, uma vez que praticavam horrores a seus símios. Práticas desta natureza eram consideradas como demoníacas pela igreja européia e seus praticantes eram vistos como bruxos, enviados do anticristo, que eram julgados e punidos logo em seguida. Geralmente a sentença aplicada era a morte através da fogueira imposta pela Santa Inquisição.

Como podemos perceber através deste breve resumo da época do dito “descobrimento” não podemos julgar os atos dos europeus, pois hoje a visão de mundo é totalmente diversa, as verdades são outras. Desenvolvemos leis que defendem o direito à individualidade e à vida, mas naquele tempo estas questões eram vistas por outro ângulo. São tempos diferentes, contextos diferentes, logo os valores também são diferentes. Atualmente nossa legislação tenta controlar a criminalidade, no entanto, ela consegue??? Todos sabem que não. Então é possível concluir que sempre haverá um indivíduo responsável por julgar o outro inferior e também por inferir em seus direitos, até mesmo massacrá-lo. Quando isto se dá em grande número é uma questão social dada por sua realidade.

Julgar por julgar é um ato de ignorância que não leva a nada a não ser a prática do preconceito que logicamente deve ser evitada. Contudo quero deixar claro que não considero correto, muito menos certo, as crueldades praticadas sobre nossos povos, mas sim ressaltar que não foi por mera vontade que decidiram tomar essas atitudes, mas sim em decorrência de seus princípios e também do que seu contexto lhe propiciava em dado momento. Assim foram as circunstâncias que os levaram a praticar o “genocídio” e não um simples gene voltado naturalmente a violência.

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