segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

D. Pedro I, o "rapazinho" da Independência

(Caricatura de Dom Pedro I premiada no XVI Salão Carioca de Humor)
Treze anos após a fuga da família real portuguesa para o Brasil, Portugal passava por sérios problemas internos. O sentimento de humilhação, desprezo e desconsideração era indisfarçável. Todos os portugueses se sentiam trocados pelo Brasil, era uma metrópole menosprezada por sua colônia. Então, em 1820 a Assembléia das Cortes foi convocada, após cento e vinte anos em desuso, para debater a situação lamentável que o país enfrentava. 

Nessas reuniões o rei ouvia os nobres da terra, os chefes militares e os religiosos mais importantes do reino acerca das leis e o papel que as cortes desempenhariam no governo. No entanto, esta de 1821, foi um tanto diferente, composta por padres, professores, advogados e comerciantes, que formavam a nova elite portuguesa. Ao contrário das cortes precedentes, esta não tinha um fundamento conservador, mas sim liberal, influenciada pela Revolução Francesa e foram convocadas a revelia do conhecimento do rei.

O verdadeiro intuito das cortes era dissolver a monarquia absolutista de Dom João VI, substituindo-a por uma monarquia constitucional, mais democrática. A intenção, no fundo, era devolver ao Brasil sua posição de colônia e revogar sua posição de Reino Unido a Portugal e Algarves conferida em 1815. Eram medidas de cunho vingativo. Em 1821, quando o Rei retorna a Portugal, mas mantém seu filho, D. Pedro I como príncipe regente nas terras brasileiras os ânimos se exaltam.

As cartas portuguesas que chegavam a capital, Rio de Janeiro, eram repletas de ameaças e provocações. A mensagem era clara, as decisões tomadas por Dom João VI nos treze anos em que permaneceu nos trópicos seriam anuladas e o príncipe deveria retornar imediatamente para Portugal para passar uns tempos na Europa sendo educado. As cortes vinham chamando Dom Pedro I de "rapazinho" demonstrando seu desprezo pelo monarca que afirmou ao padre Belchior: "Pois verão agora quanto vale o rapazinho."

Em 28 de agosto de 1822 o navio Três Corações chegava ao Rio de Janeiro com papéis explosivos contendo os decretos das cortes constituintes portuguesas. Elas destituíam Dom Pedro do papel de príncipe regente dando-lhe o cargo de delegado das autoridades de Lisboa, anulavam suas decisões, informavam que seus ministros seriam nomeados em Portugal, limitavam seu poder somente a capital e regiões vizinhas, e declaravam que as demais províncias deveriam se reportar diretamente a capital portuguesa.

Essas noticias foram levadas pelos mensageiros Paulo Bregaro e Antônio Ramos Cordeiro até o encontro do príncipe regente na colina do Ipiranga junto dos conselhos da imperatriz Leopoldina e do primeiro ministro José Bonifácio, o ultimo afirmava que só haviam duas saídas: retornar a Portugal e virar prisioneiro das cortes como seu pai Dom João ou proclamar a independência fazendo-se imperador ou rei. Dom Pedro I após ser bombardeado com tantas informações pediu os conselho do padre Belchior e decidiu, era chegado o momento de separar Brasil de Portugal.

O ressentimento português acabou gerando essa separação, com ela o país europeu só foi prejudicado, afinal, perdeu sua maior e mais importante colônia, a que lhe rendera mais riquezas. E assim o "rapazinho" provou que aos 23 anos de idade já era maduro o suficiente para tomar uma decisão tão difícil e manter a integridade de suas posses como lhe pedira seu pai antes de retornar a Portugal. Mais detalhes no livro 1822 da autoria de Laurentino Gomes.

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