segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Marquesa de Santos, a "preferida" de Dom Pedro I

(Óleo sobre tela atribuído a F.P do Amaral - Acervo: Museu Histórico Nacional - RJ)
De todas as aventuras extraconjugais do primeiro imperador brasileiro, Dom Pedro I, nenhuma causou tanto alvoroço quanto a relação de sete anos vivida com Domitila de Castro Canto e Melo que acarretou em cinco gravidezes. Nascida na cidade de São Paulo em 27 de dezembro de 1797, Domitila era um ano mais velha do que o monarca e considerada um tanto quanto feia.

Suas curvas eram generosas segundo os relatos da época, seu rosto bastante arredondado, preenchidos por olhos grandes e negros, sobrancelhas espessas, mas bem delineadas, lábios finos e nariz pontiagudo. Sua expressão era altiva, séria, enigmática, e sobretudo, determinada e insinuante. Boa educação não era seu ponto forte, algumas de suas cartas revelam seu semianalfabetismo. 

Em 1813, com apenas 15 anos de idade, casou-se com o alferes mineiro Felício Pinto Coelho de Mendonça. Acusada de adultério, sofreu a tentativa de homicídio por parte do marido enfurecido que lhe atacou a facadas. Após o incidente, voltou a morar com seus país e foi processada por Felício que reinvindicava a guarda de seus filhos.

Com a ajuda de seu irmão conheceu Dom Pedro e pediu para que ele interferisse por ela no julgamento, assim feito, foi julgada uma senhora de boa conduta e teve seu casamento anulado uma vez que o marido foi culpado por adultério e maus tratos. Para deixa-la em paz Felício recebeu muitos benefícios das mãos do jovem imperador.

Na noite de 29 de agosto de 1822 acontece a primeira noite de amor do casal iniciando uma história repleta de tumultos. Em poucos meses de relação foi levada para morar no Rio de Janeiro, mais tarde recebeu um palacete ao lado do paço real, que, dizem, possuía uma passagem secreta para facilitar os encontros amorosos, mas esse foi apenas um dos diversos presentes que receberia do monarca brasileiro.

Os presentes que receberia variavam entre flores, animais e comidas até poderosas e imponentes jóias. Dom Pedro I que aniversariava em 12 de outubro costumava presentear Domitila nessa data, assim no ano de 1825 foi agraciada com o título de Viscondessa de Santos que no ano seguinte seria elevado ao de Marquesa de Santos.

Já em 1827 a lembrança que recebera junto de uma carta foi um tanto duvidosa. O envelope continha dois fios de seu bigode, mas a natureza encaracolada dos cabelos indicava que poderia ter sido removida de uma parte mais íntima de seu corpo. Para poder acompanhar o amante ela foi nomeada dama de honra da imperatriz Leopoldina, humilhando publicamente a esposa traída, mas nem todas as surpresas eram felizes.

Sua irmã, Maria Benedita, também acabou se envolvendo com o imperador, oito anos mais novo do que ela, caso comprovado com o nascimento de um menino. Certa noite Maria sofreu um sério atentado a tiros em sua carruagem e todas as suspeitas recaíram sobre Domitila, a irmã traída, mas o inquérito foi rapidamente arquivado a pedido do governante galanteador.

Em 1826 com o falecimento da imperatriz brasileira, Dom Pedro I começa a procura de uma nova consorte européia, de berço respeitável e bons costumes. Nesse momento a paixão avassaladora pela Marquesa de Santos já havia prejudicado-o demais no cenário político. A morte de Leopoldina humilhada e melancólica aumentou o descontentamento da sociedade, era necessário tirar a amante preferida de cena.

Após ignorar vários pedidos para que deixasse a corte carioca, em 17 de agosto de 1829, Domitila foi ameaçada de perder todos os benefícios que conquistara e ter o inquérito sobre o ataque à sua irmã reaberto caso não deixasse o Rio de Janeiro em sete dias, assim, resolveu regressar a São Paulo encerrando o escandaloso caso de amor imperial. 

Em 14 de junho de 1842 casou-se com o brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar com quem teve cinco filhos. Após dezesseis gravidezes que geraram quatorze filhos de três pais diferentes, ela ainda conseguiu ingressar no seleto rol das damas da alta sociedade brasileira falecendo em 13 de novembro de 1867 vítima de enterocolite. Mais informações sobre essa personagem polêmica podem ser encontradas no livro 1822 de Laurentino Gomes. Até mais.

Nenhum comentário: